O Partido Comunista Português e o Partido Comunista de Espanha emitiram, no dia 12, uma posição comum relativa às greves gerais que ocorreriam em ambos os países dois dias depois. Nesse texto, os partidos salientam que a crise, «com traços específicos em cada país, traduz o aprofundamento da crise do capitalismo e a sua expressão na União Europeia, à qual o grande capital procura responder com uma ofensiva que configura uma violenta regressão civilizacional».
O PCP e o PCE realçam ainda que as políticas seguidas em Portugal e em Espanha «prosseguem a brutal espiral de austeridade, a intensificação da exploração, o desemprego, os baixos salários e a precariedade, o empobrecimento», ao mesmo tempo que põem em causa a prestação de cuidados de saúde, de educação e de segurança social.
Para os dois partidos, estas políticas servem apenas os interesses dos «grandes grupos económicos, do grande capital financeiro, das grandes potências imperialistas e de uma União Europeia cada vez mais dirigida pelo directório de potências comandado pela Alemanha». Em suma, daqueles que «são responsáveis pela crise e que com ela continuam a acumular riqueza».
PCP e PCE expressavam ainda a sua solidariedade aos trabalhadores e ao povos dos dois países, bem como aos de outros países, que igualmente se levantam «contra a brutal agressão a que estão a ser sujeitos, organizando poderosas jornadas de luta em defesa dos seus direitos e condições de vida e da democracia».
Há alternativa
Reafirmando que a situação exige uma «verdadeira ruptura com tais políticas, que possibilite alternativas de progresso social, de desenvolvimento económico, de cooperação e da paz», os dois partidos sublinham o «papel fundamental da luta de massas e, em particular, da luta dos trabalhadores e do movimento sindical de classe para a alcançar».
Esta ruptura, esclarecem, passa pela rejeição do denominado «tratado orçamental»; pelo fim dos «memorandos de entendimento», autênticos pactos de agressão contra os trabalhadores, os povos; pela rejeição das ditas «reformas estruturais» de cariz anti-social e neoliberal; por medidas que valorizem o trabalho e os trabalhadores e que assegurem os direitos e as condições de vida dos povos; pela tributação efectiva do grande capital e da especulação financeira; por medidas que garantam o controlo público da banca e de sectores estratégicos da economia e apostem no progresso social como factor essencial para o desenvolvimento económico; por medidas que salvaguardem a democracia e a soberania e um quadro de cooperação na Europa.
Garantindo que há alternativas a esta política, PCP e PCE realçam que elas surgirão por via da luta dos trabalhadores e dos povos; por via da ruptura com as políticas anti-sociais e antidemocráticas e da afirmação dos direitos dos povos; por via de conquistas e transformações de carácter anticapitalista e antimonopolista, no rumo da construção do socialismo; por via da solidariedade internacionalista.